Poupar para não desperdiçar

Com Catarina Furtado

Hoje celebra-se o Dia Mundial da e eu tenho algumas dicas que nos ajudam a poupar tempo, dinheiro e a combater o desperdício. Tudo isto sem nos esquecermos de alimentar melhor.

Organização. Dá trabalho, mas faz diferença

Quantas vezes não vai à despensa e repara que tem três pacotes de arroz e nem um de esparguete. Abre o frigorífico e é só cenouras. Pimentos, nem vê-los. Acontece a todos, mas pode ser evitado.

Escreva, aponte, faça uma lista! Sempre que acaba alguma coisa lá em casa, estamos todos instruídos para anotar essa falta num bloquinho que mantemos na cozinha.

É um costume velhinho, mas que continua a fazer todo o sentido. Assim, quando é preciso, a lista de supermercado está praticamente pronta.

Se conseguir arranjar tempo, o que nem sempre é fácil (sei bem), o ideal mesmo é planear com antecedência as refeições da semana, para comprar apenas os ingredientes necessários e evitar as compras por impulso.

Ainda no que toca à organização (uma coisa que, admito, adoro fazer porque também me ajuda a ‘arrumar’ a mente), sugiro que no regresso a casa com as compras, tente arrumar os alimentos de forma adequada dentro do frigorífico. Na despensa, opte por separar os artigos de acordo com o seu género e com a frequência de utilização.

E para evitar tragédias, naquelas noites em que põe em dia as séries ‘a não perder’ ou nos fins de semana de carências súbitas, em que, mais ou menos, comemos o que temos à frente, é importante manter alguns snacks saudáveis à vista. Assim, não fica com tanto peso na consciência.

Compras. E truques para as fazer melhor

Todos já ouvimos isto, mas nem sempre lhe damos o devido crédito: não é boa ideia ir ao supermercado com o estômago vazio. Segundo vários artigos que li, a sensação de fome leva-nos a fazer escolhas precipitadas e pouco acertadas para a nossa , pelo que é importante saciar antes o apetite.

Na secção dos frescos, além dos que costuma comprar, não se esqueça de levar também os da época que, habitualmente, têm um preço mais acessível.

Aproveite as promoções (vale a pena espreitar os folhetos antecipadamente) para aumentar o stock daqueles alimentos que é bom ter sempre em casa, como os enlatados e congelados, que têm maior validade e podem resolver uma refeição, em qualquer momento.

Para evitar o desperdício, compre em quantidades ajustadas às necessidades da sua família.

Não agarre logo nos produtos refrigerados (iogurtes, queijos frescos, etc.) e congelados. Deixe esta seleção para o fim das compras. Assim, garante melhores condições de preservação e evita chegar às caixas com o carrinho a pingar.

Tire mais partido do seu frigorífico! 

Os frigoríficos têm ligeiras diferenças de temperatura no interior para armazenar alimentos com diferentes necessidades de conservação.

ZONA SUPERIOR  (MAIS FRIA)
Iogurtes, queijos e alimentos cozinhados.

ZONA INTERMÉDIA
Carne e pescados, produtos de charcutaria, ovos, conservas abertas e produtos de pastelaria.

ZONA INFERIOR
(MENOS FRIA)
Produtos em descongelação.

GAVETAS INFERIORES
Hortícolas, fruta e leguminosas frescas.

PRATELEIRAS DA PORTA
Água, leite, manteiga, cremes vegetais.

Todos os anos, o mundo desperdiça cerca de um terço dos alimentos produzidos.

Fonte: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

Tempo. Há pouco, há que usá-lo bem

O tempo é um bem escasso, todos sabemos. Por isso, há que saber aproveitá-lo, dedicando-o ao que realmente interessa, como a saúde.

A menos que seja para comprar os legumes da salada indispensável que acompanhará o jantar, evite ir às compras a correr porque, normalmente, a pressa leva-nos a fazer compras irrefletidas.

Tente planear o seu tempo, de forma ir ao supermercado sem urgências.

Leia bem os rótulos, consulte os semáforos nutricionais, encontre as promoções, conheça as novidades… enfim, tente fazer escolhas esclarecidas e acertadas.

Regras. À mesa não devem falhar

Muitas vezes, sem nos apercebermos, os hábitos que temos à mesa podem não ser os mais adequados. Por exemplo, pôr os temperos (sal, azeite, molhos, etc.) sobre a toalha aumenta a possibilidade de cometermos excessos.

É mais difícil resistir à tentação se ela estiver mesmo à nossa frente, não é?! Quando temos filhos, também é importante definir regras de permanência, para todos, até ao fim da refeição.

Não só porque isso estimula a atenção para o que está no prato, mas também porque oferece mais oportunidades para as conversas. As refeições são um tempo precioso de convívio que deve ser aproveitado.

E ajuda muito se os telemóveis, ou outras fontes de distração, forem proibidos de participar.

Aqui em casa é lei: não há telemóveis durante as refeições ou televisão ligada enquanto estamos a comer (nem sequer para ver a mãe ou o pai).

Imaginação. A arte de reaproveitar

Útil em qualquer circunstância da vida, a imaginação é uma ótima ferramenta para combater o desperdício alimentar que, infelizmente, já atinge as toneladas, todos os anos.

Uma alimentação saudável não significa comer sempre o mesmo. Seja criativo e tente não repetir refeições, sem aumentar o orçamento. Sobrou frango guisado do jantar de ontem?

Desfaça-o e ponha-o numa salada. Há carne assada a mais? Pique-a e use num empadão. As bananas estão a ficar muito maduras? Faça-se um batido para o pequeno-almoço (eu, por exemplo, faço bastantes).

A Internet pode dar uma ótima ajuda com propostas para o que fazer com os restos.

E se de repente não lhe surgir nenhuma ideia sobre como dar conta daqueles brócolos cozidos que sobraram do almoço, congele. Podem bem vir a servir na sopa que se fizer no próximo fim de semana.

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Autor

Catarina Furtado