Birras à mesa. Como lidar com elas?

Com Catarina Furtado

É sobretudo um jogo de paciência, mas existem truques que ajudam. E muito. Dou-lhe conta de alguns que podem fazer a diferença.

Choro, gritos, comida pelo ar. Não gostam de sopa ou de peixe cozido, querem mais massa ou repetir a sobremesa… Enfim, às vezes não é fácil fazer com que as nossas crianças comam de forma saudável.

Já lá vai algum tempo, já que a minha filha Beatriz tem 13 anos e o meu filho João tem 11, mas lembro-me de na altura ter lido algumas coisas sobre o assunto, no entanto agora fiz questão de me atualizar através de mais leituras e do apoio da equipa de nutricionistas do Continente.

Descobri então que o mais importante quando lidamos com birras alimentares é tentar manter a calma e ser paciente, quando eles trocem o nariz. Não devemos obrigá-las a comer, mas também não podemos desistir ao primeiro ‘não’.

Como lidar com birras para comer

Começar cedo

Conforme já aqui escrevi antes, quanto mais cedo introduzirmos regras e hábitos nas vidas das crianças, mais facilmente elas se adaptam.

O melhor é começar, logo em bebé, a dar-lhes alimentos mais saudáveis, porque nesta fase estão mais aptas para assimilar sabores.

A partir dos 3 anos, é mais difícil introduzir novos alimentos e as birras podem ser mais frequentes.

Conversar sempre

A firmeza é importante, mas a conversa também. Tente explicar à criança que comer corretamente a vai ajudar a crescer mais saudável e resistente.

Descreva  o bem que os diferentes nutrientes fazem ao organismo e recorra a histórias infantis ou a brinquedos para dar exemplos.

Lembre-se que a comida não deve servir de recompensa, pelo que é importante não prometer nada em troca, e deixar claro que os pais é que tomam as decisões.

Não desistir

Quando introduzir um alimento pela primeira vez na refeição da criança, tente perceber a reação. É possível que ela não goste, porque todos temos gostos diferentes. Se assim for, tente convencê-la, sem a forçar.

Se não resultar, volte a reintroduzir o mesmo alimento noutra ocasião, associando-o, por exemplo, a sabores de que ela goste. Às vezes, é preciso insistir 10 ou 15 vezes para que a criança aceite.

Establecer rotinas

Tente servir o almoço e o jantar sempre a horas certas para que a criança não sinta fome excessiva entre as refeições, que idealmente devem começar com sopa.

Evite dar-lhe algum snack antes e crie regras para evitar que ela se distraia quando está a comer. Não permita brinquedos ou tablets na mesa e não deixe a TV ligada muito perto.

Dê o exemplo. Coma os alimentos que quer que ela coma. As crianças tendem a repetir os comportamentos dos pais, tire partido disso.

Fazer jogos

Não encha demasiado o prato, as crianças não comem tanto como os adultos e, muitas vezes, desmotivam-se olhando para a quantidade. Tente ser criativo e adicionar ingredientes coloridos, com texturas diferentes, pois são mais apelativos.

Faça jogos sobre a história dos alimentos, por exemplo, tentando encontrar semelhanças com outros, dando-lhes novos nomes, ou explorando de onde vêm.

Também é bom ir variando nos pratos porque as crianças aborrecem-se com facilidade.

Criar bom ambiente

É importante envolver as crianças nas rotinas da alimentação, quer nas compras, quer na preparação das refeições, ou até nas tarefas associadas, como pôr a mesa e levantar os pratos.

Este processo ajuda a criança a sentir-se integrada e a perceber que estes são momentos de família propícios para conversar.

É também muito importante procurar ter um ambiente sereno para que a criança associe as refeições a uma experiência agradável.

Sobre este tema, vale a pena espreitar o meu post  ‘A gordura (afinal) não é formosura’, onde também deixo algumas dicas importantes.

Autor

Catarina Furtado