A verdade sobre os alimentos alcalinos

Por À Roda da Alimentação

Alguns alimentos são mais alcalinos e outros mais ácidos. Mas isso não quer dizer que interfiram no pH do organismo ou que curem doenças. Vamos explicar melhor.

A adoção da dieta alcalina por várias celebridades, como Jennifer Aniston ou Victoria Beckham, deu maior visibilidade a este regime alimentar, cujos fundamentos deixam muito a desejar, no que toca às evidências científicas dos seus efeitos.

Aqui ficam algumas perguntas e respostas que ajudam a esclarecer os principais mitos sobre esta polémica dieta, também conhecida como dieta do pH.

O que é o pH?

O pH (Potencial de Hidrogénio) é um índice que indica a acidez (menor do que 7), neutralidade (igual a 7) ou alcalinidade (maior do que 7) de um determinado meio.

Sendo importante perceber que, para o organismo, será sempre mais positivo um ‘ambiente’ menos ácido.

O pH é muito popular na classificação dos tipos de água, mas também se aplica aos alimentos, ou melhor na forma como estes se metabolizam no corpo, em compostos ácidos ou alcalinos.

Os benefícios da água

Que alimentos estão incluídos na dieta alcalina?

A alimentação alcalina privilegia os alimentos alcalinos (ricos em cálcio, sódio, potássio e magnésio) que são sobretudo vegetais e frutos.

Os alimentos ácidos (ricos em cloro, fosfato e enxofre), a evitar, são carne, peixe, ovos, queijo e grãos. As gorduras puras e os açúcares são neutros, porque não contêm proteínas nem minerais.

Nesta vertente, a dieta alcalina é algo semelhante à vegetariana.

Alimentos Alcalinos: quais são?

  • Fruta: em particular a fruta rica em fibras e antioxidantes, como o abacate, as uvas, a melancia, o melão e a maçã.
  • Vegetais: como os espinafres, os aspargos, a couve-flor, o pepino, a cenoura e os brócolos.
  • Alho: fonte de vitaminas (B1, B3, C, e folatos) e minerais (potássio, fósforo, cálcio, magnésio e sódio).
  • Especiarias: as ervas aromáticas em geral, a canela, a pimenta e o gengibre que, quando fresco, fornece vitaminas (A e B3) e minerais (cálcio, potássio e fósforo).

Apesar disto, convém que fique claro que os alimentos não conseguem influenciar o pH do sangue, dos tecidos ou das células.

A dieta alcalina: benefícios e riscos

O problema da dieta alcalina não está nos efeitos que produz na saúde, mas nos seus fundamentos.

Este regime parte do princípio errado de que os alimentos têm influência no pH do organismo e defende que um corpo ‘ácido’ estará mais susceptível ao aparecimento de doenças, o que não está cientificamente provado.

Contudo, muitos dos alimentos recomendados pela dieta alcalina – fruta, legumes, frutos oleaginosos e sementes – são saudáveis ​​por outras razões (são fonte de vitaminas , minerais e fibras, por exemplo), devendo ser promovido o seu consumo

No entanto, esta dieta limita a ingestão de alimentos com elevada riqueza nutricional, como a carne e o pescado, podendo levar a desequilíbrios nutricionais, se não for bem estruturada.

Quer ter uma alimentação mais saudável? Siga esta dieta.

A alimentação pode influenciar o pH do corpo?

O organismo mantém, através de uma função autónoma (homeostasia), o equilíbrio necessário para o seu bom funcionamento, ou seja garante que os fluidos, tecidos e células não são muito ácidos ou alcalinos.

Se esse processo falhar, o corpo entra em acidose ou alcalose. A alimentação não tem qualquer efeito neste processo.

Os alimentos só têm influência no pH da urina.

Hábitos de vida saudável

A dieta alcalina é boa para a osteoporose?

Não existem evidências de que o aumento da carga ácida da dieta promova a perda mineral óssea ou a osteoporose, logo o aumento de alimentos alcalinos não resolve o problema.

Curiosamente, ao contrário do que a dieta alcalina defende, a ingestão de proteína animal pode ajudar a diminuir o risco de osteoporose.

Os alimentos alcalinos curam doenças?

Não. Uma das reivindicações mais populares e graves da dieta alcalina é que pode prevenir e curar cancro, com base na teoria de que o cancro só pode crescer num ‘ambiente’ corporal ácido. Esta teoria é absolutamente falsa por vários motivos.

Como referido antes, não é possível alterar o pH do organismo através da alimentação, não é o ambiente ácido que causa o cancro – é o cancro que causa o ambiente ácido -, e a doença também se consegue desenvolver num ‘ambiente’ alcalino.

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Autor

À Roda da Alimentação